terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O melhor, o pior ou qualquer dia... Esse é seu!

Olá meu nome é Júnio e eu amo!
É muita lágrima, ameaça, momentos de alta de baixa ou apenas de vazio. Sentir-se só é quase a mesma coisa do que ser só, basta não estar ao lado de boas companhias e gente de verdade. Não é mesmo?
Imagine um homem sábio... O que o difere do restante? Nada desses clichês de “aprender com o erro dos outros”, não mesmo. Sendo parte interina de uma boa literatura, eu mesmo sugiro e imponho minha resposta... É bem mais simples do que isso. Sábio é aquele que promove/promulga boas ações com bons sentimentos mesmo se você ou o mundo tentar feri-lo. E mais, estar disposto a crescer com mais intensidade a cada tapa ou soco recebido por alguns “demônios” encontrados em sua estadia terrestre.
Pois bem, o que é sabedoria afinal?
Sou desses caras que copiam as boas idéias dos outros. O conceito de plágio pra mim não serve, como já disse, sou da literatura, e sei que onde há cópia, há idolatria.
Certo dia desses, eu e minha máquina pensante estávamos analisando juntos o porquê de depender tanto de sentimentos e sensações para viver. Talvez seria pela cultura, criação, traços ou todo o arsenal psicológico que envolve a personalidade. Não importa, todo ser humano precisa se manifestar.
A dez anos atrás, um moleque magricela, dentuço, baixinho, simples e humilde recebia um convite fantástico de seu pai que era caminhoneiro. Uma viagem pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, aproveitando o máximo de tempo de suas férias de verão com aquela formidável companhia. A separação de seus pais já havia acontecido. Traições e esbofeteamentos anteriores poderiam ter sido a causa disto, más papo de adulto é sempre papo de adulto, o guri de 13 anos não iria se meter.
Com a mochilinha pronta, o embarque àquele mundo asfáltico novo não poderia ter sido mais excitante. Sua primeira parada já foi à altura de Cachoeiro do Itapemirim para o almoço e depois disso o sono forte o pegou. Já era noite quando haviam partido e como em todas as noites e dias, o moleque sempre acordava com o carro já na estrada seguindo sua rota. Foram muitas fitas K7 escutadas do início até o término da viagem, de vários dons sertanejos e populares. Uma delas, incansável de ouvir, continha um depoimento do ex trapalhão Dedé Santana, onde ele relatava toda sua espiritualidade após o programa de maior sucesso da rede globo chegar ao fim. Sua saída então da emissora e a criação daquele relato consistia em dizer um pouco mais sobre o espiritismo, onde ele, obrigado pela emissora, obedecia a cultos não Cristãos e definhava na fortuna e na fama global. Era lindo e terrível de se ouvir alguém que cresceu e foi criado dentro do catolicismo retornar aos bancos próximos aos confessionários. O mundo parecia outro para aquele garoto. Foi seu primeiro contato direto com qualquer outra manifestação religiosa e mítica que fugisse de tudo até então aprendido. Havia medo, curiosidade e muito mais medo. Más a cada passagem da fita e rebobinada com a caneta bic preta do papai, a coragem de se desbravar coisas novas crescia e acendia dentro dele.
Na altura de Volta Redonda, já no estado do Rio de Janeiro, uma das maiores e mais gostosas churrascarias da cidade foi nosso alvo. Era muita comida gostosa e diferente. O churrasco era de primeira, e como bons anfitriões, não podíamos deixar de comer até nos entupir. Saindo dali, a estrada se fez densa mais uma vez. Foi deixado o estado do Rio e enfim São Paulo Chegou. As serras paulistas eram intermináveis. Principalmente quando um caminhão carregado fazia sua velocidade ser reduzida a 30km/h. O tédio parecia tomar conta do menino que não queria saber de mais nada ao não ser dormir. Foi quando seu pai, quase na chegada ao centro de São Paulo, comprou uma fita novinha dos Mamonas Assassinas, que gerou muitos gritos de felicidades, beijos, abraços e dores de ouvido depois e quase um arrependimento do pai, rs.
Os tomates... háaa os tomates, eles eram pequenos e pareciam com qualquer coisa menos tomates... Foi pego uma porção generosa em mais uma parada em um desses restaurantes mais comuns do centro de São Paulo, próximo a região do ABC. Os dois, pai e filho morreram de raiva ao saber que aquelas bolinhas parecidas com croquetes de queijo eram apenas uma nova particularidade em tomates, principalmente por terem enchido e pesado o prato com elas. Foram vários risos ao contar a todos sobre essa cena.
Grave um nome: Tubaína. Nunca tome este refrigerante quando for a São Paulo, ele tem muito gás e um gosto forte ácido, independente do sabor.
O filho tímido daquele pai foi apresentado a um trabalhador informal, os chamados “chapas”, de uma linha de trabalhadores que auxiliam na carga e descarga de caminhões por uma mão de obra barata. Eles ficavam todos concentrados em um posto chamado Sakamoto, disputavam caminhões negociando seu trabalho e o barateando.
Enquanto o caminhão era descarregado, pai e filho foram fazer a única coisa que eles sabiam juntos fazer igual a ninguém: comer! E em meio a essa refeição, um tipo de peixe diferente foi apresentado ao garoto, junto a camarões, alguns mariscos e uma sobremesa não muito formidável. E como seu pai e ele nem desconfiavam de uma certa alergia (que foi bastante severa naquele caso), o guri começa a se sentir mal naquela tarde paulista que não acabava nunca. Talvez fosse por lá o sol de pôr por volta das 20h ou então apenas por não estar se sentindo bem.
Na manhã seguinte o amarelo tomou conta do rosto daquele moleque. E por mais pressa que se pai colocasse na empresa em que trabalhava para recarregar seu caminhão o quanto antes para então partir com seu filho, parecia que nada dava certo. Vômitos e mais vômitos começaram a surgir, até que então o caminhão estava pronto para partir. O retorno parecia com duas idas. Náuseas e diarréias se estenderam até Volta Redonda, por ter sido domingo e não ter como encontrar farmácias abertas. Lá, um medico de plantão fazendo não sei o que em uma farmácia, constatou que o jovem tinha alergia a frutos dor mar, “deve ser pela acidez e pelo sódio” disse o médico, que receitou imediatamente dois medicamentos. O enjôo não passava, os restaurantes por mais bonitos e convidativos que fossem não eram mais vistos com bons olhos. Dormir era a única saída daquilo tudo. A saudade da mãe apertava e o choro vinha constantemente. Seu pai conversava bastante sobre tudo, até três vezes mais agora por saber que seu filho não estava bem. Mas nada realmente adiantava. Até que então aquele pai que sabia bem o gosto do filho (meio torto as vezes) colocou a fita do Dedé com seu menino dormindo e o guri que já nem era tão guri assim mais acorda sem se mexer no trecho em que o relato dizia: “O medo que o homem tem do próprio homem só vai ser eliminado quando ele for verdadeiro consigo, carregar bons amigos e desfrutar da mais branda honestidade”(adaptado). O que fez aquele purbe dormir em reflexão.
Dez anos se passaram e aquele guri vibra muito ainda com essa memória. E principalmente hoje dia dez, data de partida de sua viagem dentre outras datas e comemorações que o faz sorrir. Hoje também é dia de por em prática todos os ensinamentos que esses 23 anos puderam oferecer. Mais quais? Não sei o que é certo e pra quem é certo o que se julga certo. Não dá pra saber se o motivo do meu sorriso vai ser o do próximo e vice versa. O que passar então?! O que objetivar então? O que traçar?! É muita pergunta sem resposta concisa. Nem Freud, nem Aristóteles nem Platão nem a Xuxa conseguem chegar a um senso comum. O que se fazer?!
As memórias que cada um carrega são únicas! Somente em tê-las já é um privilégio. Poder compartilhá-las é uma dádiva. E pelo que eu sei não existe momento algum em que eu não me lembre do melhor presente (digamos que divino) já recebido, você Jonatan Oliveira França. Que fez toda simbologia do amor e da amizade pra mim serem minhas principais características. Ao som de Dedé Santana ou não, eu carrego comigo você que tem sido a melhor opção em todas as situações. Eu amo e amo com tanta força tudo em que acredito, que penso que seis meses depois daquela viagem eu ter perdido o homem da minha vida, Deus foi (e é) um cara tão Foda que pra mim cinco anos depois de tê-lo perdido me colocou um outro homem tão fantástico e que me proporciona momentos tão incríveis como aquele incrível cara.
Eu não sei o que dizer ao não ser agradecer por tudo de “ótimo” que aprendi contigo. As desculpas por algo que nos entristecem aparecem, sem sombra de dúvidas. Usar nosso tempo tão valioso se desculpando por algo não vai ser mais nosso objetivo. Não é mesmo? Eu te amo Jon!!!