Olá
meu nome é Júnio e eu amo!
É
muita lágrima, ameaça, momentos de alta de baixa ou apenas de vazio. Sentir-se
só é quase a mesma coisa do que ser só, basta não estar ao lado de boas
companhias e gente de verdade. Não é mesmo?
Imagine
um homem sábio... O que o difere do restante? Nada desses clichês de “aprender
com o erro dos outros”, não mesmo. Sendo parte interina de uma boa literatura,
eu mesmo sugiro e imponho minha resposta... É bem mais simples do que isso.
Sábio é aquele que promove/promulga boas ações com bons sentimentos mesmo se
você ou o mundo tentar feri-lo. E mais, estar disposto a crescer com mais
intensidade a cada tapa ou soco recebido por alguns “demônios” encontrados em
sua estadia terrestre.
Pois
bem, o que é sabedoria afinal?
Sou
desses caras que copiam as boas idéias dos outros. O conceito de plágio pra mim
não serve, como já disse, sou da literatura, e sei que onde há cópia, há
idolatria.
Certo
dia desses, eu e minha máquina pensante estávamos analisando juntos o porquê de
depender tanto de sentimentos e sensações para viver. Talvez seria pela
cultura, criação, traços ou todo o arsenal psicológico que envolve a
personalidade. Não importa, todo ser humano precisa se manifestar.
A
dez anos atrás, um moleque magricela, dentuço, baixinho, simples e humilde
recebia um convite fantástico de seu pai que era caminhoneiro. Uma viagem pelo
Rio de Janeiro e por São Paulo, aproveitando o máximo de tempo de suas férias
de verão com aquela formidável companhia. A separação de seus pais já havia
acontecido. Traições e esbofeteamentos anteriores poderiam ter sido a causa
disto, más papo de adulto é sempre papo de adulto, o guri de 13 anos não iria
se meter.
Com
a mochilinha pronta, o embarque àquele mundo asfáltico novo não poderia ter
sido mais excitante. Sua primeira parada já foi à altura de Cachoeiro do
Itapemirim para o almoço e depois disso o sono forte o pegou. Já era noite
quando haviam partido e como em todas as noites e dias, o moleque sempre
acordava com o carro já na estrada seguindo sua rota. Foram muitas fitas K7
escutadas do início até o término da viagem, de vários dons sertanejos e
populares. Uma delas, incansável de ouvir, continha um depoimento do ex
trapalhão Dedé Santana, onde ele relatava toda sua espiritualidade após o
programa de maior sucesso da rede globo chegar ao fim. Sua saída então da
emissora e a criação daquele relato consistia em dizer um pouco mais sobre o
espiritismo, onde ele, obrigado pela emissora, obedecia a cultos não Cristãos e
definhava na fortuna e na fama global. Era lindo e terrível de se ouvir alguém
que cresceu e foi criado dentro do catolicismo retornar aos bancos próximos aos
confessionários. O mundo parecia outro para aquele garoto. Foi seu primeiro
contato direto com qualquer outra manifestação religiosa e mítica que fugisse
de tudo até então aprendido. Havia medo, curiosidade e muito mais medo. Más a
cada passagem da fita e rebobinada com a caneta bic preta do papai, a coragem
de se desbravar coisas novas crescia e acendia dentro dele.
Na
altura de Volta Redonda, já no estado do Rio de Janeiro, uma das maiores e mais
gostosas churrascarias da cidade foi nosso alvo. Era muita comida gostosa e
diferente. O churrasco era de primeira, e como bons anfitriões, não podíamos
deixar de comer até nos entupir. Saindo dali, a estrada se fez densa mais uma
vez. Foi deixado o estado do Rio e enfim São Paulo Chegou. As serras paulistas
eram intermináveis. Principalmente quando um caminhão carregado fazia sua
velocidade ser reduzida a 30km/h. O tédio parecia tomar conta do menino que não
queria saber de mais nada ao não ser dormir. Foi quando seu pai, quase na
chegada ao centro de São Paulo, comprou uma fita novinha dos Mamonas
Assassinas, que gerou muitos gritos de felicidades, beijos, abraços e dores de
ouvido depois e quase um arrependimento do pai, rs.
Os
tomates... háaa os tomates, eles eram pequenos e pareciam com qualquer coisa
menos tomates... Foi pego uma porção generosa em mais uma parada em um desses
restaurantes mais comuns do centro de São Paulo, próximo a região do ABC. Os
dois, pai e filho morreram de raiva ao saber que aquelas bolinhas parecidas com
croquetes de queijo eram apenas uma nova particularidade em tomates,
principalmente por terem enchido e pesado o prato com elas. Foram vários risos
ao contar a todos sobre essa cena.
Grave
um nome: Tubaína. Nunca tome este refrigerante quando for a São Paulo, ele tem
muito gás e um gosto forte ácido, independente do sabor.
O
filho tímido daquele pai foi apresentado a um trabalhador informal, os chamados
“chapas”, de uma linha de trabalhadores que auxiliam na carga e descarga de
caminhões por uma mão de obra barata. Eles ficavam todos concentrados em um
posto chamado Sakamoto, disputavam caminhões negociando seu trabalho e o barateando.
Enquanto
o caminhão era descarregado, pai e filho foram fazer a única coisa que eles
sabiam juntos fazer igual a ninguém: comer! E em meio a essa refeição, um tipo
de peixe diferente foi apresentado ao garoto, junto a camarões, alguns mariscos
e uma sobremesa não muito formidável. E como seu pai e ele nem desconfiavam de
uma certa alergia (que foi bastante severa naquele caso), o guri começa a se
sentir mal naquela tarde paulista que não acabava nunca. Talvez fosse por lá o
sol de pôr por volta das 20h ou então apenas por não estar se sentindo bem.
Na
manhã seguinte o amarelo tomou conta do rosto daquele moleque. E por mais
pressa que se pai colocasse na empresa em que trabalhava para recarregar seu
caminhão o quanto antes para então partir com seu filho, parecia que nada dava
certo. Vômitos e mais vômitos começaram a surgir, até que então o caminhão
estava pronto para partir. O retorno parecia com duas idas. Náuseas e diarréias
se estenderam até Volta Redonda, por ter sido domingo e não ter como encontrar farmácias
abertas. Lá, um medico de plantão fazendo não sei o que em uma farmácia,
constatou que o jovem tinha alergia a frutos dor mar, “deve ser pela acidez e
pelo sódio” disse o médico, que receitou imediatamente dois medicamentos. O
enjôo não passava, os restaurantes por mais bonitos e convidativos que fossem
não eram mais vistos com bons olhos. Dormir era a única saída daquilo tudo. A
saudade da mãe apertava e o choro vinha constantemente. Seu pai conversava
bastante sobre tudo, até três vezes mais agora por saber que seu filho não
estava bem. Mas nada realmente adiantava. Até que então aquele pai que sabia
bem o gosto do filho (meio torto as vezes) colocou a fita do Dedé com seu
menino dormindo e o guri que já nem era tão guri assim mais acorda sem se mexer
no trecho em que o relato dizia: “O medo que o homem tem do próprio homem só
vai ser eliminado quando ele for verdadeiro consigo, carregar bons amigos e
desfrutar da mais branda honestidade”(adaptado). O que fez aquele purbe dormir
em reflexão.
Dez
anos se passaram e aquele guri vibra muito ainda com essa memória. E
principalmente hoje dia dez, data de partida de sua viagem dentre outras datas
e comemorações que o faz sorrir. Hoje também é dia de por em prática todos os
ensinamentos que esses 23 anos puderam oferecer. Mais quais? Não sei o que é
certo e pra quem é certo o que se julga certo. Não dá pra saber se o motivo do
meu sorriso vai ser o do próximo e vice versa. O que passar então?! O que
objetivar então? O que traçar?! É muita pergunta sem resposta concisa. Nem
Freud, nem Aristóteles nem Platão nem a Xuxa conseguem chegar a um senso comum.
O que se fazer?!
As
memórias que cada um carrega são únicas! Somente em tê-las já é um privilégio.
Poder compartilhá-las é uma dádiva. E pelo que eu sei não existe momento algum
em que eu não me lembre do melhor presente (digamos que divino) já recebido,
você Jonatan Oliveira França. Que fez toda simbologia do amor e da amizade pra
mim serem minhas principais características. Ao som de Dedé Santana ou não, eu carrego
comigo você que tem sido a melhor opção em todas as situações. Eu amo e amo com
tanta força tudo em que acredito, que penso que seis meses depois daquela
viagem eu ter perdido o homem da minha vida, Deus foi (e é) um cara tão Foda
que pra mim cinco anos depois de tê-lo perdido me colocou um outro homem tão
fantástico e que me proporciona momentos tão incríveis como aquele incrível
cara.
Eu
não sei o que dizer ao não ser agradecer por tudo de “ótimo” que aprendi
contigo. As desculpas por algo que nos entristecem aparecem, sem sombra de
dúvidas. Usar nosso tempo tão valioso se desculpando por algo não vai ser mais
nosso objetivo. Não é mesmo? Eu te amo Jon!!!